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Alice Munro, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, morre aos 92 anos
PublishNews, Guilherme Sobota, 14/05/2024
Escritora canadense, considerada mestre do conto contemporâneo, tinha obras publicadas no Brasil pela Biblioteca Azul e pela Companhia das Letras

A escritora canadense Alice Munro (1931-2024) | © J. Munro / nobelprize.org
A escritora canadense Alice Munro (1931-2024) | © J. Munro / nobelprize.org
A escritora canadense Alice Munro – considerada uma das maiores mestras do conto de todos os tempos – morreu nesta terça-feira (14), aos 92 anos, em sua casa em Ontario (Canadá). Vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2013, ela sofria de demência há mais de uma década. A família confirmou a morte ao jornal The Globe and Mail.

Em 2013, a Academia Sueca a premiou justamente com esta simples e direta justificativa: "mestre do conto contemporâneo". No Brasil, alguns de seus livros foram publicados mais recentemente pela Biblioteca Azul (selo da Globo Livros), como O progresso do amor (2017, com tradução de Pedro Sette-Câmara), Falsos segredos (2015, Celina Portocarrero), e Amiga de juventude (2014, tradução Elton Mesquita), entre outros.

Antes, alguns títulos também foram lançados pela Companhia das Letras: Vida querida (2013, com tradução de Caetano Galindo); O amor de uma boa mulher (2013, com tradução de Jorio Dauster); e Felicidade demais (2010, com tradução de Alexandre Barbosa de Souza). A editora publicou uma nota lamentando a morte. "A autora deixa como legado obras atemporais que, ao explorar temas como memória, identidade, família e os pequenos dramas da vida cotidiana, revelam uma perspicácia e uma sensibilidade singulares", diz o comunicado.

Alice Munro nasceu em Wingham, Canadá, em 1931. Seu pai era fazendeiro de animais e sua mãe professora. Munro começou a escrever ainda adolescente, e estudou na University of Western Ontario, onde trabalhou como bibliotecária, e mais tarde abriu com o marido uma livraria, em Victoria. Desde o fim dos anos 1960, ela se dedicou à escrita.

Essa dedicação foi quase que exclusivamente voltada ao conto – e o contexto da sua infância, uma pequena cidade canadense, também serviu de ambiente para muitas de suas histórias. Segundo o comitê do Nobel, elas frequentemente acomodavam uma complexidade épica em poucas páginas. Os temas subjacentes ao seu trabalho são, entre outros, questões de relacionamentos e conflitos morais. A relação entre memória e realidade é outro assunto recorrente de seus contos, utilizada como ferramenta de tensão. "Com meios sutis, ela é capaz de demonstrar o impacto que eventos aparentemente triviais podem ter na vida de uma pessoa", disse o comitê quando da sua premiação.

Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2013, Munro afirmou que vinha "escrevendo histórias pessoais por toda a minha vida. Espero que sejam uma boa leitura. Espero que comovam as pessoas. Quando gosto de uma história, é porque ela faz alguma coisa... como um golpe no peito".

Entre os diversos prêmios literários recebidos ao longo de sua carreira – incluindo o Man Booker Prize, em 2009 – destaca-se o Nobel de Literatura, em 2013, o primeiro para uma pessoa canadense na história.

A Granta liberou o o a alguns contos de Munro publicados na revista (em inglês):

[14/05/2024 15:10:00]
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