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Elis Regina deixou as rádios de Porto Alegre para ganhar as praças cariocas e paulistanas, onde fechou contrato com a gravadora Philips e com a emissora Record para apresentar o programa musical O Fino da Bossa. Com apenas 22 anos, a cantora possuía o maior salário da TV brasileira, havia gravado o disco mais vendido no país até então e feito shows internacionais. Elis assombrava os que a conheciam por seu gênio e habilidade musical. Dotada de ouvido absoluto, ela pensava como instrumentista, conseguia mudar de tom com facilidade e criar linha melódica em tempo quebrado. No entanto, a força de seu talento era acompanhada da vulnerabilidade propiciada pelo crescimento rápido num ambiente profissional competitivo e nem sempre amigável. Na edição revista e ampliada de Elis: Nada será como antes (Companhia das Letras, 480 pp, R$ 109,90), o leitor acompanha de perto o percurso da vida da intérprete e entende as nuances que compõem tanto a artista, irada pelo Brasil, quanto a mulher, que carrega consigo um mundo íntimo de desejos e medos. Escrita por Julio Maria, a biografia traz páginas de duas cadernetas de Elis, onde estão suas anotações para um disco futuro e turnê, além de foto inédita de capa de Paulo Kawall.